Senador do PMDB pede renúncia de Palocci na tribuna do Senado
‘Ele não tem mais condições de ocupar o cargo’, disse Jarbas Vasconcelos.)
Ao discursar na tribuna do Senado nesta segunda-feira (23) o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediu a renúncia do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Na avaliação do senador pernambucano, enquanto o ministro permanecer no cargo, o governo da presidente Dilma Rousseff estará “acuado” e “exposto” a críticas. O G1 entrou em contato com a Casa Civil e ainda aguarda resposta.
“Ele [Palocci] não tem mais condições de ocupar o cargo. Ele perdeu todas as condições, ele deve sair. Até porque é ele quem escolhe as pessoas, ele que tem a tarefa de indicar, vetar e aceitar nomes para o governo. A manutenção dele no cargo deixa o governo exposto, acuado, se reunindo, dando ênfase à estratégia errada de considerar o caso como encerrado”, afirmou Vasconcelos, o primeiro a falar abertamente na renúncia do ministro no Congresso.
Segundo o jornal "Folha de S.Paulo" informou na edição de 15 de maio, Palocci ampliou o patrimônio em 20 vezes entre 2006 e 2010, quando exercia mandato de deputado federal. Nesse período, por meio da empresa de consultoria Projeto, da qual é proprietário, o ministro adquiriu dois imóveis no valor total de R$ 7,5 milhões - em 2006, segundo o jornal, o patrimônio de Palocci era de R$ 356 mil. A assessoria da empresa divulgou nota nesta quinta (19) informando que "todas as atividades da Projeto foram realizadas estritamente dentro do marco legal, respeitando limites éticos e exigências de informação por parte dos órgãos de controle".
O jornal ainda publicou outras reportagens nas quais revelou que a consultoria Projeto teve um faturamento de R$ 10 milhões em novembro e dezembro do ano passado, intervalo entre a eleição e a posse da presidente Dilma Rousseff. Em todo o ano de 2010, segundo o jornal, a empresa faturou R$ 20 milhões.
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Ainda de acordo com o senador que, embora seja do PMDB, não faz parte do grupo de parlamentares aliados ao Planalto, as denúncias contra Palocci ganharam “uma dimensão” que só a saída do cargo poderá “encerrar o assunto”.
“Aconselharia [Palocci] a deixar o cargo, nem se afastar, renunciar diante do ato feito da maior gravidade. A saída de Palocci encerraria o assunto. Permite que se faça uma CPI ou que o Ministério Público possa entrar com representação para investigar o caso.”
Jarbas Vasconcelos disse não acreditar que a oposição consiga reunir as assinaturas necessárias para abrir uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar Palocci. O senador, no entanto, avaliou como necessária a ação da oposição para tentar instalar a apuração.
O G1 entrou em contato, por telefone, com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e ainda aguarda o retorno das ligações.
Depois de tomar conhecimento das declarações de Jarbas Vasconcelos, o senador João Pedro (PT-AM) afirmou que o colega deveria “pegar mais leve” porque era filiado ao PMDB, partido aliado ao governo da presidente Dilma Rousseff. Para o senador petista, Palocci já respondeu as questões sobre a evolução patrimonial e não tem motivos para deixar o cargo.
“O ministro Palocci já deu explicações, foi instado pela Procuradoria Geral da República a prestar esclarecimentos, e estamos aguardando com tranquilidade. Não tem motivo para ter renúncia, não tem motivo para ter CPI. O governo não está refém, está tranquilo”, argumentou João Pedro.
Após o discurso de Vasconcelos, a senadora Ana Amélia (PP-RS) cobrou explicações da presidente Dilma Rousseff sobre o caso envolvendo o ministro Palocci. “Poder-se-ia esperar que a Presidenta Dilma Rousseff prestasse a esta Casa os esclarecimentos necessários sobre esse caso, para não pairar nenhuma dúvida a respeito disso, sobre um homem que ocupou cargos importantes, como o Ministério da Fazenda e agora o Gabinete Civil”, disse a senadora.