Felipe Maia vê PSD como algoz do Democratas

Maria da Guia Dantas - Repórter

Se para a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) o Partido Social Democrático (PSD) não trabalha para prejudicar a legenda a qual pertence, para o deputado federal Felipe Maia (DEM) o fato é “concreto” e “inegável”. Ele disse ontem que embora respeite o posicionamento do grupo liderado pelo vice-governador Robinson Faria, de malas prontas para o PSD, não entende a migração dos potiguares para o partido concebido pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. “Se me perguntarem se essa foi a melhor opção deles eu diria que não. Na verdade, o PSD é o partido que tem tentado extinguir o democratas, que vem a ser o partido da governadora. Eu acho que todos têm que respeitar a posição de Robinson, agora o fato é que eles foram para um partido, que entre outras finalidades, quer acabar com o DEM”, externou Felipe.

laycer tomas Felipe Maia reconheceu que o Democratas passa por uma fase de dificuldade no plano nacional

No caso do Rio Grande do Norte, Felipe Maia assinalou que as perdas dos democratas para o PSD foram “muito pequenas”. Ele destacou, inclusive, que a legenda no Estado permanece forte. O DEM local tem o maior cargo político, que é o de governador, e dispõe de um assento no Senado Federal, um deputado federal (foram dois eleitos, mas Betinho Rosado desincompatibilizou-se para assumir a Secretaria de Agricultura), dois deputados estaduais e 17 prefeitos. O PSD, considerado algoz dos democratas, será o partido do vice-governador. Para Felipe Maia, Robinson e o filho, o deputado federal Fábio Faria, trocaram um partido da base do governo, no caso o PMN, por um que eles não sabem “se é ou não”. “Eles não sabem qual é a posição política. Foi essa a troca”, frisou Felipe Maia.

A governadora Rosalba Ciarlini minimizou no início da semana o mal-estar ocasionado após declarações em Caicó, quando fez um comentário que só poderia não gostar de um novo grupo que quer extinguir o seu partido. Com a declaração reverberando em todo o Estado – e a reação dos aliados de Robinson – disse não ver intenção, pelo menos dos potiguares do PSD, em enfraquecer a legenda sob o comando do senador José Agripino Maia. “Eles não são do DEM”, afirmou Rosalba, justificando a “não invasão” em reduto democrata. Durante entrevista, desta vez em Mossoró, destacou que o vice-governador Robinson Faria pensa em fortalecer a base de seu governo e o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT).

A animosidade entre DEM e PSD é visível e não há sequer intenção de ambas as partes em esconder o descontentamento mútuo. O deputado Felipe Maia fez ainda duras críticas ao ex-tesoureiro do partido, o ex-deputado Saulo Queiroz, de Mato Grosso do Sul, que, em entrevista ao jornal ‘O Globo’, disse acreditar no desaparecimento da antiga legenda na próxima eleição. “Com ou sem fusão com o PSDB”, opinou o ex-parlamentar.

O tesoureiro do DEM argumenta que, com bancada tão pequena (em torno de 30 deputados) o partido perdeu as condições de articular qualquer candidatura no ano que vem. Com essa insegurança no futuro, diz Saulo Queiroz, os deputados e o próprio governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo estão procurando uma legenda que tem potencial de crescimento.

Felipe Maia reconheceu que o Democratas passa por uma fase de dificuldade, mas enfatizou que as declarações de Queiroz foram “desrespeitosas e equivocadas”. “Ele foi extremamente infeliz até pela relação que tinha com o partido e com o senador José Agripino. Nós já passamos por momentos fortes e fracos e hoje estamos em dificuldade. Mas continuamos com os nossos governadores eleitos, como é o caso de Rosalba, então não vejo porque se falar em discussão, fim, desastre, caos”, disse o deputado federal.

Ex-governadora chama o DEM de ‘partido moribundo’

A ex-governadora Wilma de Faria (PSB) também comentou a situação do DEM. Ela definiu como um “partido moribundo”, numa referência ao esvaziamento. Não é de hoje que a presidente estadual do PSB troca críticas com o partido do senador José Agripino Maia. Numa prévia distante da eleição de 2010 já dizia que era remota a possibilidade de composição com os democratas.

Wilma falou também sobre a proximidade da governadora Rosalba Ciarlini com o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Ela descartou qualquer acordo político. “Conversei com Eduardo Campos e ele falou muito claramente. Não tem conversa política nenhuma com a governadora. Ela tem o partido dela e ela própria já declarou que vai continuar no DEM, não vai para o PSD. Mas ela admitiu a presença de Robinson (Robinson Faria, vice-governador). Mas já disse que fica no DEM”, afirmou.

A ex-governadora depende de uma indicação de Eduardo Campos para que possa assumir a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). ela chegou a ter o nome confirmado para o cargo, no entanto, as mais recentes especulações dão conta de uma predileção do governador de Pernambuco pelo nome do ex-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB).

José Agripino endossa posições de Rosalba Ciarlini

O presidente nacional do Partido Democratas, senador José Agripino Maia, foi econômico nas palavras e disse, de Miami, nos Estados Unidos, onde foi passar o feriado de Páscoa, que no plano local quem fala pelo partido é a governadora Rosalba Ciarlini, a quem corrobora qualquer declaração. “Em nível nacional eu falo com a mesma franqueza com que Gilberto Kassab ao se dirigir a nós, desejando a ele bom êxito na condução do PSD”, explicou o senador.

O período de “baixa” externado pelos próprios democratas já alimenta especulações de uma possível fusão do DEM com o PSDB. O assunto teria sido discutido durante reunião dos tucanos na terça-feira (19), em Brasília. O senador Aécio Neves (MG), que estava presente no encontro, garantiu que não se trata de “ajuntamento”. “Não estamos falando em fusão”, apressa-se em dizer Aécio. “...Diferentemente de outros anos, quando nós disputamos entre nós e acabamos, no final, prejudicando um ao outro, agora não vai haver isso”.

O senador José Agripinio falou sobre o assunto e disse que trata-se de mera especulação. “Os fatos estão impondo as alianças entre PSDB e DEM”, disse ele, pelo celular. “Mais do que isso, precisamos ter um discurso comum”. Esta última declaração foi dada ao jornal Folha de São Paulo